domingo, 29 de março de 2020


   Cândida M.
(Psicóloga)

Prefácio

Se a Psicose é um termo psiquiátrico que se refere a um estado mental no qual existe uma “perda de contacto com a realidade”, acompanhada de falta de crítica ou de insight, traduzindo-se numa incapacidade em reconhecer o carácter estranho ou bizarro do comportamento interpessoal, este livro conta-nos a história de que nem sempre se cumpre o que está escrito.
Ao lermos o livro “Memórias de um psicótico” somos convidados, pelo autor, a entrar numa viagem fascinante, repleta de variadíssimos quadros avivados por lembranças frescas e cheias de sensações. Conseguimos seguir ao detalhe cada episódio, cada cidade, cada aventura como se fossemos personagens da história.
O autor consegue fazer uma sequência cronológica dos marcos inerentes à sua geração e associar em termos nacionais e internacionais a tudo aquilo que de mais controverso acontecia na época, fazendo reviver factos passados.
Este livro relata a história de alguém que sofreu, que fez sofrer, que andou perdido, desorientado, que sobreviveu ao frio, à fome, às experiências ilícitas, mas que, sobretudo, sobreviveu e superou-se a si mesmo.
Alguém que travou uma luta com os seus desejos mais profundos para se revelar num ser humano sensível, respeitado e recuperado.
A história de uma vida, repleta de experiências transculturais de grande riqueza, mostra que a doença mental e sua sintomatologia nem sempre têm um final dramático e inquietante; pelo contrário, neste livro percebemos que Tiago tem um discurso perfeitamente organizado, uma memória detalhada de tudo aquilo que vivenciou e que conseguiu uma vida estabilizada e orientada por valores nobres.
O livro termina sob a forma de uma lição de vida, da necessidade imperiosa de cada vez mais se respeitar e humanizar a prática da saúde mental, pois Tiago é a prova de que a recuperação física e psicológica é possível.
Tiago traz uma mensagem de esperança, de que é viável ter uma nova vida plenamente integrada na sociedade atual, haja (por parte de todos) força de vontade e disponibilidade para apoiar e compreender. 

A editar brevemente


quarta-feira, 25 de março de 2020

O poder do capitalismo e socialismo de carregar pela boca, está à beira da rotura social e económica.
Se são os imposto dos contribuintes que gerem o orçamento do Estado, é inaceitável que continuemos com um défice per capita sobre os rendimentos das famílias. Isto tem provado que dar rebuçados aos mais pobre com a finalidade de obter votos nas urnas para continuar com a vida do compadrio governamental, onde ninguém é chamado à barra dos tribunais por desfalque ao honorário público.
Quem me diz que não somos um país de brandos costumes?
Isto merecia uma revolta popular a grande escala para acabar com estas ideologias da pobreza.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Há coisas que custa a entrar nesta cabeça de poucos neurónios

Não sei se é  pelo desgaste dos neurónios ao longo da minha vida já avançada, ou se não é por questões patológicas de saúde mental.
Tenho quinze livros escritos em português e mais três em língua inglesa, entre romance, narrativas, poesia, ensaios, autobiografias  romanceadas. Todos eles são fáceis de encontrar no site da Wook, Bertrand, e principalmente e www.amazon.com , com heterónimos de Quito Arantes e Peter Quiet.
Ultimamente tenho neste blogue se quiserem procurar em e-books, excertos do primeiro livro que escrevi sobre a psicose paranoide, já para não falar em tiques esquizofrenia paranoide. não foi editado ainda em papel por falta de actualizações. Porque como foi escrito há mais de dez anos, muitas coisas foram acontecendo durante os últimos dez anos.
Além deste, "Memórias de um psicótico" e " Diário do medo na existência ", este já em segunda edição, uma brasileira e outra da Amazon, são os livros mais autobiográficos que escrevi até hoje.
"As Quatro Estações e um citadino" talvez tenha sido o livro mais introspectivo em relação ao meu retiro na montanha durante cinco anos e meio.
Podem consultar no blogue ou nos sites as sinopses.
De momento está e curso a tradução para inglês pela amiga Paula Ferreira, "A Janela Aberta" minha colaboradora oficial das traduções linguísticas. 

Pandemia social



Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o orçamento de Estado para 2020, sem definir um orçamento rectificativo.


Sabemos que os sectores de serviço público, principalmente o SNS está de mãos atadas devido há pandemia Covid 19, e falta de investimento no sector da saúde. As cativações à moda Centeno, fragiliza o regular funcionamento do SNS.

Não podemos dar rebuçados com linhas de crédito às empresas quando as mesmas não podem endividar-se.
Como tenho dito várias vezes temos um país endividado, não por culpa de quem dá o seu melhor no trabalho, mas por políticas sectoriais, que em nada facilitam a recuperação económica.
Além da calamidade de saúde pública, vem aí uma crise económica pior que a de 2008.
Será que estamos preparados para a enfrentar? Claro que não, e quem sai a ganhar com isto tudo são os grandes grupos económicos e a banca que se aproveita das tragédias para enriquecerem os seus dividendos.
Não vejo a extrema esquerda a relatar soluções, estão calados como cordeiros mansos.
Os sem abrigo estão entregues à sua sorte como sempre estiveram.Já nem Marcelo se lembra deles.
Um Presidente da República que não fala aos portugueses,e que se fecha no seu casulo de Belém, vendo o país arruinar-se não merece o nosso respeito.
Andamos sempre atrás do prejuízo, não há sentido de prevenção capaz de ser eficiente.
Quero ver a ideologia de esquerda mostrar o que vale, já que no passado deixou muito a desejar.

sábado, 21 de março de 2020

Covid 19



Não é minha intenção ser mais um a dar palpites sobre o Covid 19, mas como tenho todo o direito a ter opinião, não sei porque o governo ainda não requisitou os hospitais privados...além disso os bancos é que vão sair a ganhar, pois as linhas de créditos, mais cedo ou mais tarde, vão ser debitadas a juros inflacionados ao clientes. Já era tempo de colocar a banca privada em sentido e prestar um bom serviço à sociedade.


Além da crise de saúde pública vem aí uma crise económica, onde o sistema financeiro privado, que obtém lucros astronómicos devia dar a mão ao governo e aos portugueses.

Se somos, ou queremos ser, uma democracia solidária toda a sociedade deve ser ajudada pelos mais fortes e ricos.

Advinham-se tempos difíceis para os mais vulneráveis,e aqui é que se deve observar que temos uma sociedade socialista, ou então, não passamos de gente oportunista que só olha para o seu umbigo.

sexta-feira, 20 de março de 2020

COMO UM RIO CORRENDO PARA O MAR


Naquela viagem pela linha do Douro, olhava pela janela do comboio, e à medida que se aproximava do litoral, os aglomerados de casas, iam-se tornando maiores. A paisagem mudava lentamente. Os montes socalcos das zonas vinhateiras iam desaparecendo, dando lugar, a vales férteis e montanhas de grandes pinheiral.
Joaquim sabia que à chega ao Porto, restava-lhe pedir emprego nas obras, pois já tinha alguma experiência na arte de construção de pequenas obras. Ao chegar à estação de S. Bento, deparou-se com um movimento fora do comum. No princípio de 1960, Peso da Régua era uma localidade pequena, apesar de ser já um pouco desenvolvida, devido ao comércio dos vinhos do Douro. Deambulavam pessoas de um lado para o outro, e Joaquim sentia-se um pouco perdido naquela estação do grande Porto.
A primeira coisa que tinha de fazer, era encontrar um quarto para dormir, que não foi difícil, a oferta era muita. Depois de se aposentar numa pequena e modesta pensão, não perdeu tempo. Logo de seguida, perguntou à senhora de corpo farto, e olhos esbugalhados, que estava na portaria, onde poderia encontrar trabalho na construção civil. Segundo ela, conhecedora de coisas das redondezas, disse-lhe para procurar, num quarteirão mais à frente, logo ao virar da rua.
Depois de falar com o encarregado da obra, ficou de se apresentar no dia seguinte para trabalhar a pedra dos pilares da construção. Foi mais fácil do que podia imaginar, logo no primeiro dia, viu o seu principal problema resolvido, e até ia ganhar muito mais, do que ganharia no Peso da Régua como pedreiro.
Angélica vivia com uma tia, devido à morte de sua mãe aos seus doze anos. O pai nunca conheceu, nem sabia do seu paradeiro. Tinha sido fruto de uma paixão tórrida, mas que acabou pelo seu pai ao saber da gravidez de sua mãe, desertar da vista da sua progenitora. Nunca mais se soube da existência do homem. Angélica de fisionomia baixa, cabelos encaracolados acastanhados, levava uma vida de trabalho na loja da tia, que a acolhera, e que se serviu dela como sua empregada, para todos os serviços. Sua tia era uma solteirona, que tinha vindo dos lados da ribeira, e com o dinheiro de uma herança montara a sua retrosaria no centro do Porto. Viviam por cima do estabelecimento, numa casa modesta, mas bem arranjada.
Angélica no seu atendimento simpático ia agradando e recebendo cada vez mais clientes para a loja. Até que um marialva apanhou o coração dela e a engravidou de uma menina, como seria de esperar naquele tempo, o marialva não assumiu a filha e pôs-se a milhas, deixando-a com uma filha de colo nos braços. Mesmo assim, Angélica que era mulher de rasgo, não desanimou, e foi criando a sua filha, com a ajuda da tia.
A loja era perto da pensão onde Joaquim morava, e todos os dias, ele passava à porta da retrosaria, quando vinha do trabalho pelo final da tarde. Começou-lhe a chamar à atenção aquela mulher dos seus vinte e pouco anos, vestida sempre bem asseada e de olhos penetrantes, quando por vezes se cruzavam na rua. Joaquim também era uma boa silhueta. Até que um dia, ele já a sentir uma certa paixão platónica por Angélica, abordou-a, dizendo: - Sabe menina, nestes meses que tenho vindo a cruzar-me consigo, tenho sentido uma vontade enorme de a conhecer, porque, realmente, você é muito bela.
Angélica corou um pouco, mas não se deixou ficar atrás, porque também ela, gostava da aparência dele.
- Sabe o senhor que eu sou mãe, e talvez isso seja um impedimento para nos conhecermos…
Joaquim, vendo a franqueza dela, respondeu:
- Menina! Quando o amor é belo, nada é impedimento.
E assim passado uns meses de conversa e saídas para o cinema, resolveram, casar-se.
Os anos foram passando, e Joaquim não parava de fazer filhos à esposa, até que numa viagem de trabalho, o encarregado e Joaquim tiveram um acidente fatal. A carrinha onde viajavam saiu da berma da estrada, caindo num desfiladeiro e a carga que transportavam esmagou aos dois, foram duas mortes imediatas.
Angélica estava grávida do seu sétimo filho, mas Deus não quis que viesse ao mundo outro ser… Contava-se pelas redondezas que havia uma parteira, sempre pronta para fazer abortos, e Angélica desesperada, e já com seis filhos no regaço e viúva, foi pedir auxílio à parteira. Esta mandou-a meter-se na banheira em água a ferver, que logo o feto era expelido. E assim, Angélica na sua inocência, e já de quatro meses de gravidez, meteu na banheira em água a ferver. A tragédia aconteceu, Angélica ficou completamente queimada, não resistindo às queimaduras, e às convulsões do aborto. Ficou ali, prostrada na banheira com o corpo queimado e ensanguentado do aborto espontâneo.
Todos os filhos dela já tinham emigrado, muito novos para França, estava-se no final da década de 60 do século XX, e a emigração clandestina estava a fazer-se em força. Era uma emigração por assalto nas terras raianas do norte de Portugal, onde eram corrompidos os guardas-fiscais, e por montes e vales percorriam a pé ou de outras formas, toda a vizinha Espanha para chegarem “à terra prometida”, França.
Com a tia ficaram três filhas, duas pequeninas, uma com quatro anos, Andreia, e Luísa com seis. A tia já de idade avançada, já não tinha forças para criar os dois rebentos que restavam daquela família destroçada. A filha mais velha, já com dezoito anos, trabalhava numa confeitaria, mesmo ali ao pé, de um casal bem encarreirado na vida. Angélica era conhecida da confeitaria, e por vezes levava Andreia e Luísa, com ela. Lurdes, a filha mais velha, contou o que se tinha passado, a Dª. Felisberta, proprietária da confeitaria. A senhora ficara em pânico, pois gostava muito de Angélica e de a ver com as pequeninas, entrar na confeitaria. Em certa altura, Angélica, numa das visitas à confeitaria depois do trágico acidente de Joaquim, seu marido, disse a Dª Felisberta, que se um dia lhe acontecesse uma tragédia, para que tomasse conta da pequenina Andreia. O casal dono da confeitaria não tinha filhos, e Dª. Felisberta tinha uma admiração muito grande pela pequenina Andreia.
Tudo se conjugou para que depois da fatídica tragédia de Angélica, Lurdes levou a pequenina Andreia para a confeitaria a pedido dos patrões. Lurdes tinha ficado com a loja da tia, e por isso teve que abandonar a confeitaria, aquando da morte da tia. Andreia lembrava-se do dia que a irmã a levou à confeitaria, chovia copiosamente, entraram no elétrico e ao chegar, as três irmãs estavam completamente encharcadas. Andreia ao entrar na confeitaria sentiu o calor e o cheirinho a doce quente. Dª. Felisberta, de coração aberto, pegou na pequena Andreia e em lágrimas apertou-a contra o peito, e disse, com convicção: “Tu vais ser a minha filha querida, meu amor! “.  
Luísa mais crescida um pouco, dos seus nove anos, foi adotada por um casal de Coimbra, e pouco ou nada se soube dela, estava longe do olhar das outras irmãs.
Lurdes, pouco depois da morte da tia, herdara a loja, mas apaixonando-se por um amigo que ia muitas vezes à loja, resolveu, casar, vender a loja, e juntar-se aos irmãos em França.
 Depois de tanta tragédia no meio daquela família, parecia que Deus tinha-lhes indicado o caminho do conforto do lar, e de uma vida feliz. Andreia já chamava pai e mãe aos seus pais adotivos.
Andreia passou uma infância sobre forte proteção dos pais adotivos, gostava de desenhar e fazer recortes de revistas. Vivia um mundo à medida de si mesmo, inventava peças de teatro, cantava para si, como se estivesse num espectáculo. Já adolescente, não tinha muita liberdade de movimentos, os pais adotivos viviam obcecados com ela, não lhe davam espaço de manobra. Era sempre acompanhada por eles nos passeios de domingo que faziam os três. Os estudos iam bem, era uma rapariga aplicada e com dezanove anos, já dava aulas. Pensava Andreia que ao casar iria obter a liberdade que lhe faltava, sairia das garras dos pais adotivos. Assim, depois do primeiro namoro, que não teve pernas para andar, conheceu aquele que viria a ser o seu marido durante quinze anos e pai de seus dois filhos.
em curso

quarta-feira, 18 de março de 2020

PORQUE ÉS ASSIM?


E o estranho pergunta-me novamente: - Porque és assim?
Eu só digo que nunca podia ser de outra maneira, está-me nos genes, já lá vem da quinta geração, talvez!? Nunca poderei definir o meu ser, a minha atitude como certa e consequente, eu oscilo mediante o acontecimento e as causas que o provocam. Não tenho respostas para tudo, porque senão era Deus omnipresente.
No meio deste frenesim de sensações pergunto-me se terei algum futuro, porque ele está muito perto do fim de vida, já não há juventude que me valha, a não ser a de espírito. Valho-me desta espiritualidade para não envelhecer tão rapidamente, e a mão de apoio não a vejo, como se fosse a mão de Deus, não a vejo nem ao longe. Não tinha definido um lar de idosos ou um sem-abrigo como para o fim de vida… Gostava de poder ter o lugar onde pudesse escrever até que os dedos não mais se aguentassem.
Entrego-me às consequências sem um medo adjacente. Resguardo pormenores íntimos para os amigos (as). Não quero entrar no jogo da chacota pública, limito-me a umas justas denúncias nas redes sociais, para que as mentes menos informadas possam tirar conclusões que não sejam de lavagem de roupa suja.
Um mentiroso compulsivo, como eu conheço alguns, nunca chegaram a bom porto, mesmo que a inteligência não lhes falte. Existe um castigo que ninguém consegue fugir e a esse castigo chama-se lei de Deus, que serve também para os agnósticos, ateus e afins. Um homem honesto tem sempre um fim de vida mais tranquilo, seja na pobreza ou com algum dinheiro. A honestidade é uma riqueza soberana. Um mentiroso pode fugir à lei de Deus, uma duas vezes, mas perto será seu castigo por mutilar os desejos dos seus semelhantes.
A Justiça que se corrompe, a lei injusta, não natural aos valores humanos, é julgada todos os dias e os homens e mulheres que pensam que são intocáveis, começam a sentir na pele a dor do mal que fazem ao seu semelhante. Disso não se livram, é garantido…
Muita gente acha que mentir compulsivamente, praticar o mal ao seu semelhante por dar cá aquela palha, nada lhes vai acontecer no futuro, mesmo esse futuro sendo próximo. Estão completamente enganados, como se costuma dizer Deus não dorme. E pensem não é o diabo! Ele não existe nem demónios são simplesmente os efeitos colaterais do mal que fizeram ao próximo.
Recentemente tive uma discussão bem acesa com uma pessoa que eu pensei que se tinha tornado mais humano, mas não, o homem estava ressabiado de azedume querendo culpar a sua frustração para dentro de quem nada tinha a ver. O álcool começou a falar mais forte, ele olhava para mim com os olhos sem brilho e cheios de ódio latente no tom de voz. Claro que a paciência tem limites e tive que o meter na ordem e dizer como lhe tinha dito horas atrás que não tinha medo de nada nem de ninguém. Ficou a saber que a vida não é só protagonismo e estatuto. Do mais humilde vem muitas vezes uma força indestrutível e isso ele ficou a saber, aprendeu, penso que para sempre.
Não podemos permitir que nos humilhem na nossa cara por dá cá aquela palha. Temos que ser fortes, valentes como os nossos espíritos lutadores que já muitas lágrimas derramaram por esse mundo fora.
página 25/26

segunda-feira, 16 de março de 2020

Ficaste-me no coração

Ficaste-me no coração, de cancela aberta para o horizonte marcaste parte da minha vida entre montes e vales renascendo a cada dia.
Foi perto de ti que decidi onde me encontrar. Hoje voltado à cidade, pesa-me a idade de betão, e as memórias da tua natureza, gentes, lugares, fazem o meu coração sangrar pelo esquecimento a que me propus.
De Pitões a Castro foi um salto de gigante que em nada me arrependo.

Texto e foto
Quito Arantes #33688ARA

quinta-feira, 12 de março de 2020


Temos governantes com aceitação de compadrio por entre familiares e afins. Ministros sem nenhum talento para os cargos, secretários de Estado que não sabem bem o que andam a fazer. Assessores de ministros que deviam entrar em reciclagem permanente. Assim vai o país de Camões e de Fernando Pessoa que devem andar em tumultos nos seus túmulos.
Sou patriota, mas também reconheço que somos um país à deriva dos bons ventos da UE. Temos uma economia, praticamente dependente de terceiros, não criamos riqueza dentro do país, temos que ir buscar a outros países quase tudo. Já nem a agricultura interna chega para nos alimentarmos. Não temos autos-suficiência para levarmos o povo a ser feliz, contente no seu trabalho, nas suas famílias.
Quando o Galo de Barcelos é fabricado na China, está tudo dito em relação à nossa economia dependente da contrafacção. Temos uma economia paralela bastante elevada em Portugal, mas a culpa e da enorme burocracia  e carga de impostos sobre os portugueses, ninguém sobrevive à carga de imposto imposta pelos sucessivos governos que ajudam os grandes impérios económicos e banca e deixam as pequenas e médias empresas falidas devido ao esforço financeiro que têm pela frente.

 página 60/61


terça-feira, 10 de março de 2020


Podemos acreditar nos nossos políticos? Claro que não, são eles que desgraçam os portugueses. A juventude só pensa nas licenciaturas como se isso fosse emprego garantido, já não é, isso era há trinta ano que uma licenciatura era emprego garantido e progressão na carreira.
A obsessão pela riqueza leva pessoas a serem extremamente infelizes, e a felicidade vem de tão pouco, como gratidão, honestidade, humildade, solidariedade... Podemos ser felizes com muito pouco, o que não podemos é que nos roubem a nossa felicidade com promessas falsas e desonestas, que só dá créditos aos grandes grupos económicos, banqueiros e escritórios de advogados metidos em esquemas parlamentares.
Podemos ser pobres, humildes, não termos onde cair mortos, mas se formos honesto e trabalhadores responsáveis, somos muito mais e melhores que essa escumalha que maltrata, explora, rouba o Estado e que se galanteiam pelas avenidas abaixo.

página 59/60

segunda-feira, 9 de março de 2020

The Open Window

Brevemente O livro A Janela Aberta, será editado em língua inglesa, com tradução e capa da amiga Paula Ferreira.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Estava a ver o telejornal das 13:00 horas da TVI, e fiquei saturado com 40 minutos de informação do corona vírus.
Morrem em Portugal, diariamente dezenas de pessoas com pneumonia, mas isso pouco interessa aos médias e ao governo. Agora, o que será se verificar uma pandemia?
O alarmismo é culpa dos médias que querem audiências, e vender jornais.
Ninguém liga à crise de habitação social, quando o ministro da administração interna está disposto a aceitar mil refugiados. E então os portugueses? Vão para o olho da rua?
A crise social é muito mais grave do que o corona vírus, e assim, vivemos neste país de brandos costumes.

quarta-feira, 4 de março de 2020



As pessoas carenciadas merecem todo o nosso respeito, assim como o Estado deve respeitá-las.

Se fossemos um país democrático não haviam dois milhões de pobres e centenas de milhares em risco de pobreza.
Muitos milhões vão para os bancos, sem que sejam, primeiro, salvaguardados as pessoas carenciadas. Isto não é uma democracia, é um Estado tecnocrata.

domingo, 1 de março de 2020

IDOSOS - AO ABANDONO

Que esperam os idosos deste país que não amadurece, uma democracia de engravatados, e o povo sofrendo as incompetências de quem tem responsabilidades de afastar o abandono e pobreza dos idosos deixados à sua sorte.
O país carece de apoios, não só à economia, mas também ao bem estar social. Um país que diz ter a constituição mais avançada do mundo, não pode dar-se ao luxo de ter dois milhões de pobres e centenas ou milhões de idosos abaixo no limiar da pobreza.
Quantos lares de acolhimento de idosos criou o Estado? Nenhum.
Gente idosa do interior, agricultores que entregaram à gente do litoral, bens alimentares de mesas fartas, são agora e sempre esquecidos e deixados ao abandono pelo Estado.
Os idosos são o maior legado de um povo e devem ser respeitados com dignidade.
Os ricos levam seus idosos para instituições particulares a preços muito altos, e quem não tem dinheiro? Quem trabalhou uma vida inteira para levar o pão à sua família e dos outros, é deixado ao abandono? Sejamos sérios, somos uma democracia sem afectividade para com gente de idade avançada e que cai na pobreza extrema.
Haja bom senso por parte de quem nos têm vindo a governar. Somos uma democracia sem afecto, sem valores humanistas, onde os ricos empobrecem cada vez mais a classe trabalhadora. Já não é uma questão política, porque essa está podre e não tem por onde se lhe pegue. É uma questão de dignidade humana. Gastem os milhões, não nos bancos, mas sim na condição humana dos idosos que são a alma do nosso povo.
Como dizia Sérgio Godinho numa das suas canções: - " Não foi para isto que andei fazendo escravo o meu irmão"

Memórias de um psicótico


Quando chegou a casa dos seus pais, completamente exausto do stress londrino, foi descansar para uma clínica para restabelecer-se das horas perdidas de sono.
Apesar de estar livre de drogas há cerca de um ano, e tendo passado provas de fogo em Inglaterra, se não tivesse cuidado, poderia despoletar um surto psicótico sem que desse por ele.
Conseguiu entrar no departamento de psiquiatria, consultas externas, do hospital S. Marcos, onde a sua médica assistente, lhe disse, depois de analisar a sua patologia, que padecia de psicose crónica, uma forma mais ligeira de esquizofrenia.
Através da Internet leu e releu muitos estudos sobre a psicose, para melhor entender o que realmente ia dentro dele, pois os médicos nunca foram muito conclusivos a dizer o que era a psicose crónica.
Tinha de viver e saber lidar e prever os efeitos da doença. Essa era a sua futura batalha.
Tiago puxava a cassete da sua vida para trás e lembrava-se de vários episódios psicóticos que teve, naquela altura tudo lhe parecia natural, tornando-se egocêntrico.
Por volta dos trinta e nove anos sabia que tinha de arranjar emprego por seus meios, pois os pedidos de seus pais tinham - se esgotado.
 Começou a responder a anúncios que via nos jornais, mas não estava fácil, paralelamente tinha três passatempos sempre presentes com ele: um era a fotografia, a música e um recente, que era a escrita, em forma de artigos de opinião. Os seus passatempos preenchiam-lhe demasiado tempo, tendo de deixar um para trás. Optou por deixar a música, visto que não via muito futuro nesta actividade e os seus tempos áureos tinham passado sem grandes resultados, mas sendo uma experiência que foi bem vivida por ele.
A escrita iria acompanhá-lo até os dias de hoje, inteirando-se da política nacional e de todas as vertentes económicas e sociais, levava bastante a peito esta actividade, segundo a sua maneira de ver o mundo e a sociedade portuguesa em especial.
  A fotografia também era uma grande paixão dele, principalmente fotografia de natureza, percorreu várias regiões de Portugal em busca do melhor cenário para fotografar.
Os surtos psicóticos estavam controlados, apreendendo ele próprio a controlar a doença, sem nunca deixar de tomar a medicação estipulada que viria a ser para toda a sua vida.
Os anos foram passando e sentia necessidade de uma companhia feminina, mas como de costume, não acertava muito bem nas relações amorosas.
 Até que um dia, quando tudo menos se previa, conheceu a sua actual esposa. Xana, que já era conhecida de vista de Tiago, e que por acaso tinha sido muito amigo de um seu irmão, infelizmente falecido precocemente.
Era professora recentemente licenciada, mais nova uns anos, mas sempre na sua postura simples e responsável.
Quando ela entrou no bar onde Tiago estava, acompanhada por acaso com uma amiga dele, não havia mais nenhum lugar onde estar, senão perto dele, aproximaram-se e a amiga apresentou-os.
Pareceu que foi tiro e queda, a química entre os dois foi fulminante e passado poucas semanas estavam a namorar.
Ambos eram pacatos e tinham bastantes interesses comuns, entre eles a paixão pela fotografia, viajaram por Portugal inteiro e zonas do norte de Espanha, em busca de novos lugares para conhecer e fotografar. A relação dos dois solidificou-se ao ponto de os levar ao casamento, e partilharem as suas vidas sem fantasmas do passado, embora houvesse pessoas que não concordavam com essa união.
 Uns porque ele era muito mais velho, outros porque tinha um passado de drogas e outros simplesmente porque tinham inveja de eles se darem tão bem. Mas eles foram mais fortes, partilhando as suas vidas com humildade, honestidade e muito amor.
Hoje Tiago, um quarentão, é respeitado na sociedade, contacta com pessoas de vários níveis, cultural e intelectual; sociável e amigo do seu amigo.
Maria Eduarda e António podem, há mais de uma década, viver tranquilos e em paz, os seus últimos anos de vida, pois Tiago conseguiu dar-lhes a paz de que necessitavam.
 No fundo deu uma lição de vida a muita gente que não davam nada por ele.




FIM









Este livro é dedicado a todos quanto acreditaram e apoiaram na recuperação de Tiago.
Uma dedicação especial em memória de Maria Isabel de Carvalho.



Quito Arantes

Texto escrito em 2005 -  carece de atualizações. Livro não editado