domingo, 29 de outubro de 2017

A repressão socialista

Não sei que anda o PSD e o CDS a fazer no parlamento e na comunicação social, quando sabem de atropelos à liberdade de expressão dos cidadãos e nada fazem.
Maria de Lurdes Lopes Rodrigues presa injustamente pela procuradora Maria José Morgado.
Francisco Manuel Matos Arantes obrigado a ter consultas de psiquiatria pela Procuradora Mónica Aristides.
São só dois exemplos porque existem mais nesta ditadura socialista.
Nenhuma destas pessoas cometeu qualquer tipo de crime ou ofensa à intreguidade física. Não mataram não roubaram.

sábado, 28 de outubro de 2017

De coração para todos

Até posso não valer a ponta de um corno, mas o que não sou é um mentiroso nem vigarista.
Até podem pensar que enlouqueci, que sou um maluquinho, mas há coisas que vêm do coração, e isso ninguém nos podem tirar nem a forma de pensar. Infelizmente hoje em dia só mesmo o que pensamos e não dizemos é que tem liberdade, porque do resto o poder Judicial e Político descrimina a essência da liberdade: - O Amor ao semelhante, aos seres vivos.

domingo, 22 de outubro de 2017

Senhor Feudal

Porque em ti, implorei aos céus que me indicasses o caminho da transparência, um lugar para as lágrimas caírem com prontidão sem receios do olhar de reprovação.
Disse-me ele, o senhor feudal, que aqui tinha o judas perdido as botas. Estranhei tal afirmação e passado uns tempos verifiquei, que o diabo anda à solto lá para os lados das margens do Cávado. Conclui ao fim destes anos todos de vida que o maior escroque que conheci até hoje é aquele que um dia há 39 anos me ativou a memória após um valente esgotamento cerebral. E hoje reconheço que este senhor feudal ficou muito doente de tanto curar gentes frágeis.
Cuidado quem se cruzar com ele, ele é maquiavélico, mentiroso compulsivo e não olha a meios para obter os seus fins. Cuidado!! Muito cuidado, pode bem tirar-vos do sério.

"As Quatro Estações e um citadino"

Conto-te por vezes coisas que parecem mais imaginação de alguém que vê muitos filmes de aventuras. Mas a minha vida tem sido uma próspera aventura, em que por vezes me saio mal. Em viagens que fiz pela Europa pré União Europeia, aparecia-me de quase tudo, desde o árabe atrelado a mim, servindo de protetor, até ao contato com um velho homossexual que investiu precocemente numa sessão de sexo oral. Caminhar pela estrada em países desconhecidos até então, tinha destas coisas. Tentei ser sempre ponderado nas minhas atitudes, não ir ao favor da corrente desenfreada, tentei controlar os obstáculos assim como a água dos rios os contorna.
As Quatro Estações e um citadino"
Quito Arantes

domingo, 15 de outubro de 2017

PEQUENA HISTÓRIA SOBRE A VILA DE CASTRO LABOREIRO


Resumo prévio de Castro Laboreiro

 

A Vila de Castro Laboreiro possui riquíssimo legado histórico, arqueológico e arquitectónico, designadamente os monumentos megalíticos, o Castelo de Castro Laboreiro – classificado como monumento nacional -, as pontes e igrejas medievais, os fornos comunitários, os moinhos, a actividade agro-pastoril e as singulares brandas, inverneiras e lugares fixos, testemunhos, também aqui, da prática da transumância.

As florestas da região são dominadas por carvalhos. Encontram-se também o medronheiro, o azevinho, o azereiro, o pinheiro e o vidoeiro. Os matos arbustivos são característicos de zonas mais elevadas e são constituídos principalmente por tojos, urzes e giestas. As espécies animais com maior representatividade são o javali, o veado, o texugo e a lontra.

Na aldeia, os visitantes podem encontrar alojamento resultante da recuperação de casas típicas castrejas e moinhos.

A oferta gastronómica é variada, com pratos típicos que incluem carne de cabrito, bifes de presunto, enchidos, broa centeio e broa milha. Há ainda dois doces típicos: o bucho doce e a sopa seca de pão duro.

O nome e de Castro Laboreiro, deriva de «Castrum» - povoação fortificada pelo povo castrejo, «Laboreiro» vem da palavra latina «Lepporeiro».

Embora algumas referências documentais permitam sustentar que existiria um castelo anterior, a fortificação actual do Castelo de Castro Laboreiro data da segunda metade do séc. XII e a sua edificação é geralmente atribuída a D. Dinis. A planta revela padrões góticos bem patentes na integração de cubelos e pequenos torreões nos panos da muralha da alcáçova. Arruinado e parcialmente desmontado no séc. XIX, conheceu na segunda metade deste século uma pequena intervenção de limpeza e conservação.

O Pelourinho é um dos pontos fulcrais desta localidade. Este pelourinho é de estilo manuelino e a sua construção deu-se em 1560.

Existe uma mancha megalítica que se encontra dispersa por uma área superior a 50 km2, pontuando a despida vastidão planáltica da parte nordeste da freguesia de Castro Laboreiro, a uma altitude superior a 1100 m. Nesta mancha existem cerca de uma centena de monumentos megalíticos.

São vários os moinhos que se integram nesta localidade. Têm a função de converter os cereais (nomeadamente o centeio e o milho) em farinha. Este produto final iria servir para fazer as bem conhecidas Broas de centeio ou milho. O milho, além de servir para fazer as broas, também era usado para fazer uma outra especialidade da zona, a Sopa de Farinha.

Os fornos comunitários eram utilizados pelos habitantes da localidade com o objectivo de cozer (na maioria dos casos) a massa da broa que tinham acabado de fazer. Eles tinham a preocupação de fazer grandes quantidades de broa para evitar tirar a vez aos restantes habitantes. O material utilizado na sua construção era a pedra, mas ao longo dos anos o seu estado de conservação foi-se degradando. Nos dias de hoje, poucos são os fornos utilizados com esta finalidade.

Em Castro Laboreiro existem 44 aglomerados populacionais, que se dividem em brandas, inverneiras e lugares fixos. As brandas localizam-se nas franjas do planalto situado a norte, entre 1100 e 1150 metros de altitude. Ao longo do curso médio das linhas de água, encontram-se os lugares fixos, entre os 950 e 1050m. Mais abaixo, na base dos vales, em áreas muito irregulares e de difícil acesso, encontram-se as inverneiras, entre 700 e 800m de altitude.

As brandas, nos lugares mais altos, são mais agradáveis e produtivas na época do calor, servindo aos animais também melhores oportunidades de alimentação – é assim uma espécie de casa comum de veraneio da população e gados da freguesia e de visitantes vindos de fora. As inverneiras, nas zonas mais baixas, servem de refúgio ao frio e estão localizadas nos vales da freguesia.

De facto, a ocupação humana de Castro Laboreiro é comprovável até ao longo passado de quatro ou cinco mil anos. Nesta região desenvolveram-se sucessivamente duas grandes culturas que atingiram um grau elevado de civilização: a cultura dolménica e a cultura castreja. Aqui pode encontrar-se ainda hoje, mais de uma centena de antas ou dólmenes (será talvez a maior concentração peninsular de dólmenes pré-históricos); alguns menires; a Cremadoura, a poente da Vila, onde se incineravam os cadáveres para serem recolhidas as cinzas em vasilhames de barro (no Mesolítico); doze castros, de há dois mil e quinhentos anos, pinturas e gravuras rupestres.

Texto cedido de Sandra Pereira

 

 
Lugares de Castro Laboreiro:

 
 - Portelinha - Vido

VárzeaTravessa – Picotim - Coriscadas – Falagueiras - Queimadelo

Outeiro A-do-Freire – Antões - Rodeiro- Portela –Formarigo - Teso

Campelo – Eiras - Curral do Gonçalo – Padresouro – Seara - Portos

Varziela- Cainheiras – Bico – Curveira - Bago de Cima - Bago de Baixo

Ameijoeira – Laceiras – Ramisqueira – Barreiro – Assureira - Podre

Alagoa - Dorna – Entalada – Pontes - Mareco - Ribeiro de cima - Ribeiro de baixo

 

 

 

 

 

 

Histórias e dizeres de Castrejos

 

Verbo:

Patrão – Calhão

Empregado – Giribau

Trabalho – Valujo

Batatas - Terrenas

Tabaco – Macaio

Água – coreta

Vinho – Cholo

Dinheiro – Gabim

Gomaros – Ovos

Gandir – Comer

Tisco – Cão

Fideus - Esparguete

 

 

 

Trabalho nas minas de volfrâmio: 1936 a 1944

 

Faziam equipas de dois, três ou quatro. O trabalho de equipa era feito por famílias

Processo de extracção do minério: faziam buracos através de uma veia de seixo Filão

Depois era seguido o veio partido através de implosões com dinamite.

O volfrâmio em cru era vendido aos contrabandistas.

Chegavam a encontrar bolsas de um quilo.

Podia-se considerar esta actividade um trabalho. Tinham muitas vezes que proteger os buracos de extracção do minério, para não serem roubados. Era gasta uma caixa de dinamite por semana.

As minas podiam atingir 30 metros e o minério era vendido a 40 escudos o quilo.

Uma curiosidade; as mulheres tiravam o minério dos restos do trabalho dos homens.

 
História de refugiados Galegos da guerra civil espanhola no lugar de Rodeiro:

Reza a história que uma família de galegos, de Lobeira, constituída por um casal e três filhos, fugidos da guerra civil em Espanha.

O senhor Agostim e sua esposa Vazalixa e os filhos tinham-se escondido numa casa de gente abastada do lugar do Rodeiro. Estes galegos foram escondidos debaixo da lareira. Agostim era um aceso opositor do regime de Franco, por isso o exílio em Portugal. Nessa altura na vila de Castro existiam os bufos (informadores da PIDE), que ganhavam dinheiro pelas informações à polícia. Havia três pontos da Guarda Fiscal em Castro Laboreiro: Portelinha, Ameixoeira e Alcobaça. Depois de serem denunciados os guardas capturaram-nos e levaram para a ponte do porto, para os castigarem e obterem informações deles. A filha do casal, de nome Odosea, uma moça bonita de cabelos loiros, ao saber do que se estava a passar foi ao lugar e disse-lhes para fazerem o que quisessem mas para os deixar em paz. Abraçou-se ao chefe da guarda implorando pela libertação dos pais. O chefe da guarda ao ver a beleza fora de comum da jovem rapariga, apaixonou-se por ela. Fazendo com que não fossem entregues à polícia espanhola, arranjando forma de os levar para Marrocos.

O guarda só não ficou com ela porque já era casado. Sabe-se que depois de Marrocos, deslocaram-se para França. Ainda há pouco tempo Odosea esteve no Rodeiro para visitar o lugar.

Ainda hoje existe a casa, embora em ruínas, onde se escondera esta família de galegos.

História contada pelo Senhor Filipe, posto de Turismo

 

 Passagem de assalto para França ano de 1950:

Tudo começou por intermédio de um galego de Pereira de nome Francisco, que estava em Pamplona.

Depois de se deslocar para Sercedilha em Espanha, onde se pôs em contacto com um passador, (pessoa que ajudava a ir para França).

A “Senha” usada em Pamplona entre os dois era; “ Mi primo José Angel “.

Teria que ir a Vitoria no país basco, passar pelo café número 8, onde iria aparecer um taxista que os iria levar.

Ao chegarem ao café numero 8, sentaram-se numa mesa cinco pessoas, depois veio um senhor e sentou-se com eles, perguntando se queriam um copo de vinho e que andavam a fazer. Um dos senhores sentados, um pouco desconfiado respondeu; que vinha para estar com o Mi primo Jóse Angel para trabalhar na companhia Uriarte.

O Galego disse para entrar no carro para irem a Pamplona para falarem com um senhor. Depois de entrarem em contacto com o passador de Pamplona, este levou-os para uma cabana nos Pirenéus a pé, ficando na cabana cinco dias. O passador ia todos os dias à cabana para dar-lhes de comer.

Entretanto um pastor basco, que andava pelas redondezas, estava curioso para saber o que faziam cinco homens naquela cabana. Então decidiu ir lá perguntar o que fazia naquele lugar, dizendo: - Que belo covil vocês encontraram!

O Pastor calculando que deveriam ser pessoas para emigrarem, perguntou-lhes: - Vocês querem ir para França?

Os homens disseram de imediato que sim, mas um pouco desconfiados, resolveram não o deixar sair até chegar o homem que lhes vinha dar de comer.

O pastor foi-lhes dizendo que era um simples pastor para não se preocuparem com ele.

Entretanto o passador chegou e começou a odisseia; caminharam nove horas meio de meia metro de neve pelas montanhas, chegando a França à vila de Aldures. Aí foram para uma casa na montanha que era habitual albergar emigrantes clandestinos. Foram recebidos por um basco que só falava catalão, por isso foi difícil a comunicação. O basco resolveu falar com um familiar que falava galego, resolvendo o problema de comunicação, ficando na montanha cinco dias.

Passados os cinco dias, desceram a montanha de autocarro para irem para a cidade de Aldures para de seguida irem para Sª Étienne de Beigures. Depois seguiram para Brest na Normandia. Chegados a Brest tiveram problemas, um guarda da área onde dormiam pediram-lhe a identificações. Os cinco clandestinos recusaram mostrar a identificação com medo de serem descobertos, mesmo assim foram obrigados a identificarem-se. O guarda ficou com os documentos. Entretanto passou um português, um dos clandestinos disse ao português para traduzir para o guarda que depois se entregaria. Foram levados para o posto da polícia para serem interrogados pelo comissário. O comissário depois de ouvir a história toda mandou chamar o guarda, perguntando-lhe se alguém lhe deu autorização para reter os documentos dos estrangeiros. Como o guarda não tinha autoridade para isso foi-lhes entregue os documentos aos estrangeiros. O comissário foi dizendo que tinham até às 16:00 horas para deixarem a cidade. Depois deste episódio arranjaram um patrão que os legalizou e fizeram a vida deles a partir daí.

Estava-se no final da segunda guerra mundial e a França estava arrasada tendo as casas ficado destruídas, iniciando-se assim a reconstrução das cidades, através dos emigrantes que na maioria eram portugueses.

História gentilmente contada pelo Senhor Filipe do Posto de turismo

 

História da rapariga encantada; Lenda

 

A Jovem Encantada

 

Vivia no lugar do Quinjo, em Castro Laboreiro, uma princesa que tinha sido encantada sob a forma de uma serpente, e que trazia uma flor presa na boca.

Era esta princesa fabulosamente rica e estava disposta a dividir a sua riqueza com quem a desencantasse. Como ia de 100 em 100 anos à feira de Entrime, em Espanha, altura em que recuperava a sua forma humana, lá contou como deveria proceder a pessoa que estivesse disposta a desencantá-la: ir ao lugar do Quinjo e dar um beijo à flor que ela, já na forma de cobra, trazia na boca.

Se os séculos foram passando sem que aparecesse alguém suficientemente corajoso para realizar tal façanha, nem por isso se pode dizer que o tempo tenha apagado nos homens a crença no tesouro escondido ou tenha esmorecido a fé na sua recuperação, mesmo que para tal se tivesse de cumprir o ritual prescrito pela lenda.

A cobiça era sentimento mais forte que a repugnância e o medo, sem contar ainda que a astúcia humana é de tal forma atrevida e pretensiosa que só por si consegue dar, a quem dela resolva largar mão, uma coragem inicial que na maioria dos casos, se não é condição de sucesso é pelo menos de chegada à última etapa possível.

Foi assim que um dia, levados pela cobiça e apoiados na astúcia, um grupo de homens, tentaram desencantar a princesa. Se o pensaram, logo programaram a aventura, animados pelo facto de um deles conhecer os segredos do livro de S. Cipriano, que ajudaria a tomar o tesouro escondido e defendido pela serpente.

Havia contudo uma dificuldade que a todos transtornava, e que não viam meio de a superar. Como ganhar coragem para beijar a serpente? Lembraram-se então os nossos heróis de um cego que havia no lugar e que pelo facto de não ver, não sentiria repugnância em praticar o acto. Bastante instado, mas sem saber bem ao que ia, o pobre lá anuiu em juntar-se-lhes. Reunido o grupo no local certo, no dia e hora combinados, resolveu o animador da proeza, na intenção talvez de melhor avivar os pormenores da façanha, puxar do livro e ler a lenda aos companheiros no próprio cenário onde se iria desenrolar o drama. A um dado passo da leitura, porém, fez-se ouvir um barulho medonho que, repercutindo-se pelas fragas adiante, parecia querer fendê-las para delas fazer sair a figura de um monstro.

Nem se interrogaram a respeito do estranho fenómeno: gasta a última reserva de coragem, ei-los numa corrida doida, galgando e descendo penedos, na ânsia de alcançar a segurança do lugar onde habitavam que, estranho ao facto, recuperava no sono a energia gasta num dia de luta árdua.

Sozinho no lugar do Ouinjo, ficou o cego, desprotegido de tudo e de todos, e completamente amedrontado. Valeu-lhe o bordão, seu único apoio e guia, para descobrir forma do chegar a chão seguro e sossegado. E chegou, passados uns dias a Pereira, uma pequena povoação espanhola, que lhe deu guarida.

Depois de conhecida a aventura no lugar, nunca mais ninguém daqueles lugares pensou em repetir a proeza.

Em tempos mais recente, um jovem, ao saber, por um pastor, da existência da serpente, logo se lembrou da sua terrível história de amor. A mãe da sua namorada contrariava muito seriamente o namoro e afeição que a filha mantinha com ele, facto que os obrigava a encontrarem-se às escondidas por entre as penedias. Não tardou muito que a mãe desse com o esconderijo dos namorados e, desesperada com a desobediência da filha, lhe lançasse esta maldição:

- «Que de futuro andes de rastos como as cobras no alto do Ouinjo».

Passados dias, desapareceu a rapariga sem deixar rasto!

Associando os factos, não restaram dúvidas ao rapaz de que se tratava da namorada que cumpria o fado a que fora condenada pela mãe. A confirmá-lo, lá estava a flor que ele lhe oferecera e que ela, numa atitude garrida, trazia entre os dentes no momento em que recebera a maldição

Desesperado pela triste sorte da jovem e também pela sua infelicidade, subiu ao monte e perguntou à serpente quais as possibilidades que havia de lhe quebrar o encanto. Respondeu-lhe esta que bastaria que ele, rapaz, tivesse a coragem de a beijar na boca. Mas, cautela, se à terceira tentativa o não conseguisse, redobraria o seu encanto e não mais podia trazê-la à vida e ao seu amor.

Voltou o rapaz mais tarde, acompanhado com gente amiga, para realizar o desencanto: porém, na altura em que se aproximou da serpente, esta lançou tais silvos e contorceu-se de tal maneira que pôs em fuga, todos os que presenciavam a cena. Não desistiu o namorado e, na segunda tentativa, fez-se acompanhar de um padre, para ajudar o ritual com as suas rezas, e, esquecido do que havia acontecido aos outros seus conterrâneos, de um ceguinho que, pelo facto de não ver, poderia substitui-lo no acto de beijar a serpente com menos repugnância. Repetiu-se a cena anterior e tanto o padre como o cego fugiram desaustinados.

Entendeu o rapaz que teria que ser ele sozinho, e sem a ajuda ou apoio de ninguém, mas amparado pelo amor que nutria pela jovem, a cumprir o feito. Enchendo-se de coragem, aproximou-se da serpente e, sem dificuldade de maior, deu-lhe o beijo, recebendo em troca nos seus braços a namorada. Regressaram felizes a Ribeiro de Baixo, seu lugar de nascimento, e casaram mais tarde na vila.

Cedido por Sandra Pereira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dizeres Castrejos:

“ Quem de verbo não cholica

Gomarros de pisco gande

E não vão todas a este toque.”

Tradução: quem de verbo não sabe

Ovos de cão comem.

 

Versos e ditos populares Castrejos;

 

Valha te Deus Dominguinhos!

Para onde o vento te levou

Para as alturas do Rodeiro

Onde o Piorno secou.

 

Eu vou por aqui abaixo

Como quem não vai a nada

Vou abalar uma Pereirinha

Que ainda não foi abalada.

 

Voto mão a minha gamissa

Quem tem raiva que ravei

Quem tem catarro que tusa

Rua abaixo rua acima

 

Todo o mundo me quer bem

Só a mãe do meu amor

Não sei que reicha me tem

Tem me reicha tem me reicha

 

Porque lhe namoro o filho

De não querer que o namore

Que o ate a cinta de atilho.

 

 

 

 

Eu hei-de ir ao minério

Eu hei-de ir lá trabalhar

Todo o mundo anda no luxo

Eu também quero luxar.

 

 

 

 

Eu hei-de ir ao minério trabalhar

Trabalhar ao filão

Com o dinheiro do minério

Hei-de comprar um cordão.

 

Namorei uma donzela

Orfinha não tinha pai

Era uma nobre Donzela

Vivia com sua mãe

 

Sua mãe não queria

Que filha amores tivesse

Namorava às escondidas

Onde a mãe não o soubesse

 

 

 

 

Namoramos nove meses

E não houve novidade

O resto dos nove meses

Pegou-lhe uma enfermidade

 

Chamada a febre-amarela

Dentro de pouco tempo

Toma a morte posse dela

Sua mãe à cabeceira

 

Pediu-lhe com grande dor

Que não dava a alma

A DEUS sem se despedir do Amor

Sua mãe lhe perguntou

Como que nada sabia

Onde é que ele morava

Que ela chamá-lo ia

Tu que tens nobre Donzela

Que me mandaste chamar

Tu estás tão doentinha

E eu que não te vim visitar.

Dá-me um abraço antes

Que me coma a terra e o

Produto que tiras da tua

Nobre Donzela.

Sua mãe chamou por ela

Ela não lhe respondeu

Virou a vista para cima

Fechou os olhos e morreu.

A morte negra terrena

Olha o roubo que fizeste

Levaste-me a minha Dama

Para a sombra dos Apalestres.

 

 

Do outro lado

Nem chove nem faz orvalho

Se ades ser o eu amor

Não leves tanto trabalho

Não andes por aí de noite

A encher poços e a livrá-los

 

 

 

 

 

Do outro lado do rio

Tem meu pai um castanheiro

Dá castanhas no Agosto

Mas brancas no Janeiro.

 

A Senhora dos Remédios

Eu pro ano volto vim

Com uma alça feita de rosas

Que do céu me adem cair.

 

No terreiro da Peneda

Tratei o meu casamento

Não tenho pena nenhuma

Palavras levar o vento.

Que é uma coisa muito leve

Mas as minhas são pesadas

Não à vento que as leve.

 

 

 

Amar por amar é brio

Por dinheiro é baixeza

Por interesse e tirania

 Por amizade é nobreza.

 

O meu amor quando te fores

Escreve-me do caminho

Se não tiveres papel

Nas asas de um passarinho

Papel para te escrever

Sai-me da palma da mão

A tinta sai-me dos olhos

A pena do coração.

 

 

 

Entre pedras e pedrinhas

Nascem raminhos de salsa

Hei-de amar a moreninha

Que a branca saiu-me falsa.

 

Semeie e não colhi

Também poderá colher

Semeie os teus carinhos

Não me quiseram nascer.

 

 

Semeie a salsa verde

No meio dos olivais

Só para ver se me esquecias

Cada vez me lembras mais.

 

 

 

Menina que é bonita

Não devia de nascer

É como a maçã vermelhinha

Que todos a querem comer.

 

Chamaste-me pera verde

Pera verde quer ser

Quero cair de madura

Mas não me hades comer.

 

 

 

Minha maçã vermelhinha

Vermelha na macieira

Vermelhinha de casada

Que faria de solteira.

 

 

O inferno é tão fundo

Cento e cinquenta escaleiras

Para descerem por elas

As línguas marmuradeiras.

 

Falaste de mim falaste

Falaste eu bem o sei

A tua boca sujaste

Eu como estava fiquei.

 

Biba o lugar do Rodeiro

Viradinho cara o frio

Prendem os amores nele

Como o salgueiro no rio.

 

 

 

 

Viva o lugar do Rodeiro

Não e vila nem cidade

Dentro dele se passeia

A gala da mocidade.

 

Amores ao longe

Ao perto qualquer os quer

Amores ao pé da porta

São a perdição de alguém.

 

Tomei amores com o vento

Não sei se faria bem

O veto é um bandoleiro

Não tem amor a ninguém.

 

 

 

 

Namorei-me namorei-me

Não me soube namorar

Namorei-me de um vadio

Que não me soube estimar.

 

O que honor vais ganhar

Às alturas do Rodeiro

Vim passar por próprio alcoviteiro

Mas devo às pedras arte

Às armas a boa instrução

Devo aos meus superiores

Uma bela educação.

 

Sei um cento de cantigas

E mais uma saquinha

Se me puxares pela língua

Desato-lhe a varassinha.

 

 

Cantares dos pastores;

 

Ó que noite tão escura

Não se vê nada por ela

Meninas deste lugar

Ponham luzes à janela.

 

Quem me dera amar um dia

Ter amor, ter afeição

Ser escrava, dar a vida

Por um terno coração.

 

Quero cantar e não sei

Mas, espero aprender

Também, espero um dia

A tua porta bater.

 

 

Bareira linda bareira

Bareira linda do mar

Eu perdi-me na bareira

Na bareira vou ficar.

 

Dentro do meio peito

Tenho duas espinhas de peixe

Uma diz-me que te ame

Outra diz-me que te deixe.

 

Sou do Minho sou do Minho

De Castro Laboreiro natural

É o cantinho mais lindo

Que tem Portugal.

 

 

 

 

Cantai moças, cantai, todas

Alegrai a nossa terra

Que não digam os de fora

Que não mora ninguém nela.

 

Eu cantar, cantaria bem

Também tinha linda voz

Não sei quem a levou

Desde que vim pra onde voz.

 

Arrasai-vos Carvalheiras

Penedos caiem ao chão

Que nem a mocidade

Da Senhora da Numão.

 

 

 

Rapazes e raparigas vede

Por onde andais

A honra é como o vidro

Se quebra não se solda mais.

 

Ó linda rosinha branca

Deixa-te estar fechada

Que uma rosa aberta é

Uma rosa enxovalhada.

 

Vou cantar a bareira

Já que outra moda ao sei

A bareira bem cantada

Chega ao palácio do rei.

Não olhes para mim não olhes

Eu, não sou o teu amor

Não sou como a figueira

Que dá fruto sem flor.

Ó ares da minha terra

Vinde por aqui e levai-me

Os ares da minha terra

Não fazem senão matar-me.

 

No terreiro da Peneda

Tratei o meu casamento

O ano vai passado

Palavras levam o vento.

 

Daqui pra minha terra

Tudo é caminho chão

Tudo são cravos e rosas

Dispostos por minha mão.

 

 

 

 

Senhores não se admirem

Por eu cantar e não saber

Ainda sou muito nova

Ainda posso aprender.

 

 

Dentro do meu peito tenho

Ao lado do coração

Duas letras que me dizem morrer

 Sim, Deixar-te não.

 

 

 

Debaixo da oliveira

Não se pode namorar,

 

 

 

 

Tem a folha miudinha

Deixa passar o luar.

Ó Senhora da Numão

Santinha tão milagrosa

Que guardou o Manuel Joaquim

Que o não comesse a raposa.

 

 

Ó Senhora da Numão

Aonde se ela foi

Por entre giestas e penedos

Carvalhinhos em redor.

 

 

 

 

 

Traje de cor das raparigas solteiras: aos Domingos

Preto= Mulheres casadas;

Lenço

Blusa corpete = Soutien

Blusa

Combinação de flanela

Saia branca

Saiote

Saia

Avental

Algibeira

Calções

Socas

Capa

- O traje de cetim era usado para festas e Domingos

- No inverno utilizam o de picote ou burel e no verão utilizam um mais leve.

 

Algumas curiosidades;

- Capa= sinal de luto; Quando o marido partia, (emigrava trajavam de preto tirando as jóias incluído a aliança. As chamadas “ viúvas dos vivos”, não iam a festas nem bailes e nunca mais casavam, não procurando mais outros maridos.

 

- A Capela é um traje muito antigo, um género de capa que ia até ao pescoço.

 

- As noivas casavam de negro com um lenço de seda amarelo e um manto que era o véu que utilizam atravessado. Podia ser de lã, de veludo ou cetim.

 

- Namorar a culada; Só podia namorar depois das 23.00 horas quando os vizinhos já estavam a dormir para não verem entrar o rapaz na casa da rapariga. Namoravam na presença dos pais.

 
Significado dos nomes de Lugares:

 

A freguesia de Castro Laboreiro é constituída por vinte e dois lugares, sendo sete de população fixa, isto é, que são habitados regularmente durante todo o ano, e todos os outros de população móvel, com duas habitações, uma nas Verandas (Brandas) e outra nas Inverneiras. A origem dos nomes dos lugares relaciona-se, na maior parte das vezes, com a sua situação, função, semelhança com outros objectos ou a existência de animais selvagens. Assim, o lugar de TESO (do latim TENSUS: estendido); ENTALADA - comprimida entre montes e outeiros; DORNA vem da própria forma do lugar: uma dorna; AÇOREIRA, terra onde habitavam muitos açores e milhafres reais; BARREIRO, local de muito barro e com muitos declives, CAMPELO, de pequeno acampamento romano; CURRAL DE GONÇALO, local onde se alojam os animais de origem pastoril; EIRAS, local plano que parece uma eira, onde se malhava e se limpava ao vento o centeio; PADRESOURO, de padrão ou marco militar, pois por aí passava a via romana; SEARA, de terreno próprio para o cultivo de cereais; PORTOS DE CIMA OU DE BAIXO significam passagem elevada da via romana.

Todos os locais como PORTO, PORTELA, PORTELINHA, PORTELA DA VILA, PORTEIRO indicam-nos sempre locais por onde passava a via romana; FURMARIGO, de origem germânica, que significava " chefe de grupo " ; PORTELA, entrada da Vila; LAGOA, local onde está ou esteve depositada água; MARECO, de marco, local onde existe o último marco terrestre da fronteira Galaico - Minhota; PONTES, local onde havia outrora várias pontes; PORTO a PONTES, passagem da via romana; AMEIXOEIRA (Ameijoeira), terra de muitas ameixas; BAGOS DE BAIXO e de CIMA, (do latim vagus), que significava ermo, abandonado; CURVEIRA, devido às curvas da via romana; BICO, de um grande penedo em forma de bico de águia-real; CAINHEIRAS, porque aí os cães e os lobos viviam, em alcateias; VARZIELA, várzea pequena, em lugar ameno, junto ás margens do rio; VILA, vem do núcleo castrejo, isto é, povoação castreja; PODRE, local sombrio, onde até a lenha apodrece; RAMISQUEIRA, local de muitas árvores e arbustos; LACEIRAS, local de passagem de animais de grande porte onde se faziam laços para prender e domesticar os animais selvagens; CASTRO ou CRASTO, povoação cercada por três filas de muralhas, construída 500 anos antes de Jesus Cristo e que sobreviveram até ao século VI da era de Cristo; VARZEA TRAVESSA, lugar que vem da sua posição á via romana, atravessada pela via romana; VIDO, terra onde há muitos vidos; PORTELINHA, de porta pequena pela qual passava a via romana; CORISCADAS, de coriscos, local onde caíam muitas faíscas; FALAGUEIRAS, de falar para o outro lado do rio; QUEIMADELO, onde se faziam muitas queimadas; OUTEIRO, local alto e desamparado; ADOFREIRE (A DO FREIRE), local dos frades, cavaleiros da ordem dos templários; ANTÕES, local das antas; RODEIRO (RUDEIRO), de rude, sinal de passagem das rodas (rudeiro, local isolado ou rude); COVELO, onde há uma fortaleza dos Celtas.

 

Padre Aníbal Rodrigues, ao serviço da Igreja e de Castro Laboreiro 50 anos, 1995.
trabalho de edição de Francisco Arantes 2013