segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Naquele dia olhei as águas puras e cristalinas que percorriam o leito do rio. Não era um dia qualquer, era um dia que prometera a mim levar por diante todo o meu objetivo de vida. Olhei como as águas corriam livres contornando os seus obstáculos.
Então num leve pensamento tentei refrescar-me nas águas do rio, e pensar que nada na vida se faz por acaso. Tudo tem um fim, e esse fim não era, no momento, o que queria alcançar. Pretendia seguir o rumo do destino sem final à vista.... Não sabia naquele preciso momento, fisicamente, que rumo levariam aquelas águas do rio cristalino e puro. Olhei, e vi que existia uma ponte sobre o belo rio, e nessa ponte ficavam os meus desejos, para cá e para lá da passagem que me levaria a outro provir.
Foi um sonho acordado, mas que deu para exercitar os meus alcances.
Deixei enxergar os leves desejos e do momento vivido levei todos os ensinamentos que a natureza me pode dar.
Q. A.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Naquele dia passeie pela laje fria, debrucei-me no miradouro e contemplei a paisagem, o verde das montanhas e a imensidão do ar fresco e puro. Olhei em redor e tudo me pareceu eterno, como se o mundo nunca mais fosse acabar. Alonguei a visão e senti o calor da humanização no vale outrora fértil. Nunca pensei que estivesse finalmente numa casa que nunca tinha pensado que fosse a minha. Era aqui que eu me identificava como um ser imperfeito em busca da felicidade, era aqui que os meus sentidos se tornavam reais.
Respirei fundo no meu debruçar sobre o miradouro raiano, e fiquei como se tivesse rejuvenescido. O ar fresco da montanha dava-me nova vida, uma vida que sempre desejei, e agora, mais perto, mais dentro de mim fiquei.
Q. A.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

 
Sinto vontade de visitar a igreja com a qual me tenho identificado. Não sou praticante da missa domingueira, mas contra isso nada tenho. Até é de louvar o esforço solidário do pároco da terra que me adotou, que nos seus poucos fiéis domingueiros, não perde a esperança de levar a palavra de Deus ao paroquianos.
Nesta belíssima Matriz da Nossa Senhora da Visitação passei muitos momentos de reflexão, num silêncio de veludo onde a minha alma pedia conforto.
Estranhamente, certa...s pessoas não compreendiam bem, porque se vai tantas vezes a uma igreja e não se vai à missa de domingo. O encontro com Deus faz-se em qualquer sítio que nos queiramos bem. Nos templos de Deus o encontro pode ser imediato se para isso estivermos predestinados.
Pisar o chão secular da igreja, e nele caminhar em silêncio, é respeitar os nossos entes queridos que já partiram, é um sinal que ainda acreditamos nos homens e mulheres com fé e esperança na vida terrena.
Q.A.

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

" Naquele dia tudo parecia se conjugar para dar certo, mas o Tempo, esse infindável Senhor indomável, trocou-me as voltas. O que era dado como adquirido passou a não garantido, e eu, voltei a percorrer as ruas da incerteza, como se tivesse que começar tudo pelo início. São começos e recomeços que levo desta vida onde nada posso dar como garantido.
Como o homem é frágil mediante a vontade do Tempo. "
 
Micro conto - Q. A.

domingo, 8 de novembro de 2015

Percorri as estradas que não conhecia em busca de te encontrar… Encontrei-te deitada num leito que não era o meu, mas mesmo assim continuei a viagem em busca daquilo que sabia não acontecer. Os troncos de velhos carvalhos prostravam por terra, esquecidos num tempo que não era meu.
Que vida teriam eles levado para ficarem esquecidos na berma da estrada? Certamente aqueles centenários troncos tiveram a sua história que eu não consegui desvendar, mas serviram para me levar a contínua viagem em busca de um sonho que ficou simplesmente por aquela aventura maluca.
O acaso não aconteceu, nem era previsto acontecer, só mesmo na minha cabeça sonhadora.
Desço um pequeno caminho, onde os rodados do meu carro estavam no limite. Aquele caminho levar-me-ia a um lugar esquecido no tempo, onde histórias e vidas por lá passaram e foram passadas de geração em geração sem conhecimento público. Tentava perceber a negrura daquelas vidas que por lá passaram… Deixei o coração me levar àquele sonho que não aconteceu, porque não tinha mesmo que acontecer. Não estava preparado para o receber, talvez não tivesse o direito de o receber.
Depois de ver as águas cristalinas do rio que banhava aquele lugar mágico, entendi que aqueles troncos de carvalho prostrados na berma da estrada eram sinais do tempo daquele lugar que me viu chegar e partir num singular respeito.
 
"Pelos olhos de um novo povoador"
Q.A.



terça-feira, 3 de novembro de 2015


Como penso que já tenha dito, o meu 25 de abril de 1974, continua por realizar. Tento todos os dias fazer com que ele seja uma realidade viva, sem imposição do quer que seja. Pretendo voltar à minha liberdade de pensar e agir conforme o bem comum. Não quero ver que o meu semelhante está a ser injustiçado por agiotas e oportunistas, não quero ver crianças a serem maltratadas, mulheres a serem violadas pelos maridos, idosos abandonados nos hospitais. Não creio que vai ser um regime socialista que vai acabar com tudo isso, nem um regime de direita. Temos que lutar pela justiça social, pela melhor distribuição de riqueza, mas acima de tudo, a mentalidade dos portugueses terá que mudar radicalmente. Acabar com conceito dos prefixos de Drs., Engos.,. Ninguém é superior a alguém só porque tem um prefixo de licenciatura ou doutoramento. Pode ser considerado importante mediante o seu mérito no trabalho ou na sociedade, nada mais.
Elevar os idosos a verdadeiros sábios da sociedade, protegendo-os e enaltecendo-os como os verdadeiros resistentes da sociedade contruída. Proteger as crianças, educando-as de forma inteligente e equilibrada, pois uma verdadeira educação das crianças será um futuro promissor para a nossa sociedade. Não ver a mulher como um ser inferior ao homem, já é uma grande mudança de mentalidade que urge acontecer na nossa sociedade. Toda a mulher tem uma intuição inteligente muito mais avançada e apurada do que o homem, e isso deveria ser aproveitado, recorrentemente, na nossa economia, nos cargos administrativos, tanto das empresas privadas como cargos públicos.
Toda a nossa sociedade necessita de transformações sociais de fundo. Estas mesmas transformações não podem ser feitas à custa dos partidos políticos, terá que ser a sociedade civil em todas as suas mais-valias a encontrar as soluções para a mudança a médio prazo.
 
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domingo, 1 de novembro de 2015

Era um dia abrasador, caminhei na areia fina daquela praia pequena.
Sem preconceito, tirei a t-shirt e mesmo de calça vestida, entrei água dentro de um mar novo. Refresquei o corpo e a alma, alheio aos veraneantes, como se uma nova vida estivesse para acontecer.
Era a plena juventude revelando-se em toda a sua ingenuidade.

 
Micro conto...
Quito Arantes