quarta-feira, 14 de maio de 2014

Estas manhãs frescas de primavera enchem-me os pulmões de um ar puro logo que ponho o pé no terraço, pela aurora. O vento ruge nas giestas, as folhas bailam ao seu sabor fugidio. Quero acreditar que esta primavera é diferente de todas as outras que vivi. Guardo os seus encantos para melhor me inteirar da vida. Este recanto que estou vivendo, e para mim, um novo respirar, uma nova aventura consciente. Por mais que tente pôr defeitos neste lugar, nunca serão maiores do que as virtudes que nele encontro.

Sei que foi amor há primeira vista, e será sempre de forma apaixonada que viverei todos os pormenores desta terra encantada. Podem chamar-me de louco, de lírico ou até de irresponsável, mas nunca me tirarão a alegria de viver uma vida ao meu jeito. Estar de bem com todos e com o mundo é o que estou conseguindo, e tudo fez parte de uma aprendizagem e de conquistas em terras incaracterísticas. Tive que passar provas de fogo, momentos de pura loucura, mas amiga, consegui sobreviver a todas as intempéries de uma vida atribulada. Agradeço a Deus nunca me ter abandonado. Ele acreditou, quando ninguém acreditava que poderia voltar ao mundo dos racionais. As lembranças das pessoas de bem, continuam no meu coração, não as esqueço, e estou agradecido a todas as pessoas amigas e menos amigas que influenciaram os meus caminhos. Retenho um pouco de todos, onde um todo me preenche.

by Quito Arantes

domingo, 4 de maio de 2014

"A Carta nas Quatro Estações" (Continuação)

Capítulo XXXVII


"Quando, por algum motivo de força maior, desço à cidade, fica sempre um aperto no peito, como se houvesse uma perda de alma. Estou tentado criar a minha raiz nestas terras do alto Laboreiro, onde encontrei o verdadeiro sentido de viver. Sabes amiga, os momentos de felicidade que vou vivendo na serra, preenchem todas as lacunas que tenho no meu sentir de homem que renunciou ao êxtase citadino. Por mais voltas que tente dar, esta entrega à natureza, no mundo serrano, é o meu eterno sossego. Como é belo ver as minhas flores crescendo, sentir a vida em transformação, enterrar as mãos no húmus, e nos odores da terra enxergar que estou vivo. Não existe maior riqueza, do que aquela, que nas pequenas coisas, simples, nos trazem felicidade e tranquilidade neste mundo globalizado." 

by Quito Arantes