domingo, 29 de março de 2020


   Cândida M.
(Psicóloga)

Prefácio

Se a Psicose é um termo psiquiátrico que se refere a um estado mental no qual existe uma “perda de contacto com a realidade”, acompanhada de falta de crítica ou de insight, traduzindo-se numa incapacidade em reconhecer o carácter estranho ou bizarro do comportamento interpessoal, este livro conta-nos a história de que nem sempre se cumpre o que está escrito.
Ao lermos o livro “Memórias de um psicótico” somos convidados, pelo autor, a entrar numa viagem fascinante, repleta de variadíssimos quadros avivados por lembranças frescas e cheias de sensações. Conseguimos seguir ao detalhe cada episódio, cada cidade, cada aventura como se fossemos personagens da história.
O autor consegue fazer uma sequência cronológica dos marcos inerentes à sua geração e associar em termos nacionais e internacionais a tudo aquilo que de mais controverso acontecia na época, fazendo reviver factos passados.
Este livro relata a história de alguém que sofreu, que fez sofrer, que andou perdido, desorientado, que sobreviveu ao frio, à fome, às experiências ilícitas, mas que, sobretudo, sobreviveu e superou-se a si mesmo.
Alguém que travou uma luta com os seus desejos mais profundos para se revelar num ser humano sensível, respeitado e recuperado.
A história de uma vida, repleta de experiências transculturais de grande riqueza, mostra que a doença mental e sua sintomatologia nem sempre têm um final dramático e inquietante; pelo contrário, neste livro percebemos que Tiago tem um discurso perfeitamente organizado, uma memória detalhada de tudo aquilo que vivenciou e que conseguiu uma vida estabilizada e orientada por valores nobres.
O livro termina sob a forma de uma lição de vida, da necessidade imperiosa de cada vez mais se respeitar e humanizar a prática da saúde mental, pois Tiago é a prova de que a recuperação física e psicológica é possível.
Tiago traz uma mensagem de esperança, de que é viável ter uma nova vida plenamente integrada na sociedade atual, haja (por parte de todos) força de vontade e disponibilidade para apoiar e compreender. 

A editar brevemente


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