Numa
encosta vinhateira do Douro, lá para os lados de Peso da Régua, vivia Joaquim
Duarte, homem de lavouras tristes e pouco rentáveis. Homem de boa constituição
física, moreno, estatura alta, de cabelos negros e olhos castanhos avelã que
penetravam num horizonte, de um dia tentar uma vida nova no grande Porto. Os pais
já bastante idosos, já o fecundaram em idade tardia, sendo este o seu único
filho.
Joaquim,
depois de uma campanha em África ao serviço do Estado Novo, onde o serviço
militar era obrigatório, e havendo só duas soluções; uma era cumprir o serviço
militar, que muitas vezes, passava por ir para as províncias ultramarinas,
combater um inimigo invisível naquela altura dos anos 50 do século passado. A
outra era desertar e sair do país para nunca mais voltar, ou então voltar à
socapa, fugindo aos olhos da PIDE/DGS.
Depois
dos três anos de campanha ultramarina, voltou para as terras agrícolas de seus
pais, que já não as podiam trabalhar devido há idade avançada. Tinha alguns
socalcos de vinha para tratar que lhe dariam algumas pipas de vinho, mas o
rendimento líquido era muito pouco. A cooperativa da Casa do Douro dava pouco
dinheiro pelas suas uvas. Os pequenos vinicultores eram por vezes, explorados
nos seus parcos negócios.
Um
dia cansado daquela vida pobre, resolveu vender as suas terras, aquando da
morte dos pais, e rumou até ao grande Porto, com o sonho de uma vida nova e de
melhor qualidade.
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