quarta-feira, 23 de agosto de 2017

COMO UM RIO CORRENDO PARA O MAR...

Numa encosta vinhateira do Douro, lá para os lados de Peso da Régua, vivia Joaquim Duarte, homem de lavouras tristes e pouco rentáveis. Homem de boa constituição física, moreno, estatura alta, de cabelos negros e olhos castanhos avelã que penetravam num horizonte, de um dia tentar uma vida nova no grande Porto. Os pais já bastante idosos, já o fecundaram em idade tardia, sendo este o seu único filho.
Joaquim, depois de uma campanha em África ao serviço do Estado Novo, onde o serviço militar era obrigatório, e havendo só duas soluções; uma era cumprir o serviço militar, que muitas vezes, passava por ir para as províncias ultramarinas, combater um inimigo invisível naquela altura dos anos 50 do século passado. A outra era desertar e sair do país para nunca mais voltar, ou então voltar à socapa, fugindo aos olhos da PIDE/DGS.
Depois dos três anos de campanha ultramarina, voltou para as terras agrícolas de seus pais, que já não as podiam trabalhar devido há idade avançada. Tinha alguns socalcos de vinha para tratar que lhe dariam algumas pipas de vinho, mas o rendimento líquido era muito pouco. A cooperativa da Casa do Douro dava pouco dinheiro pelas suas uvas. Os pequenos vinicultores eram por vezes, explorados nos seus parcos negócios.
Um dia cansado daquela vida pobre, resolveu vender as suas terras, aquando da morte dos pais, e rumou até ao grande Porto, com o sonho de uma vida nova e de melhor qualidade.
 
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