Depois de “Verão Quente de 1984”, Quito Arantes surpreende-nos com mais uma revelação poética muito ao seu estilo. As palavras respiram vida, despertam emoções. O sorriso de uma lágrima, o grito surdo de dor, saudade e abandono, ou a tormenta de tempestades e incertezas. Este espelho de imagens incertas e fugazes dá também lugar a momentos de pura sensualidade. Como o poeta já nos tem vindo a revelar, é na amálgama de palavras que ele encontra o seu refúgio. Recorrendo a uma cronologia e à sua particularidade que foge à norma, a partir desta “Poesia Aos Quatro Ventos”, o leitor é envolvido na sua obstinada busca do amor, de si próprio e do seu mundo.
Fugindo do caos sofrido
Encosto a alma à mãe Natura
Sinto os sinais dos seres selvagens
Que me despoluem as amarras
Da intempérie do sufoco urbano.
Destilo nos sons da Natureza
Nos arranques voluntários
Da minha igualdade partilhada.
Rasgo as palavras inusitadas
De um mundo que não me pertence.
Refresco a minha face
Nas tuas águas cristalinas
Viste-me chegar empobrecido
Nas rédeas do mau-olhado.
Agora sou tu em mim,
Plenitude da Natura.
Agarra-me, leva-me contigo…
23 de fevereiro de 2012
Quito Arantes -
Poesia Aos Quatro Ventos, 2020
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