sábado, 8 de julho de 2017

COMO UM RIO CORRENDO PARA O MAR

Andreia por vezes, falava com os anjos, tinha um sentido espiritual muito para além da religiosidade baseada no discurso dos sacerdotes. Havia um anjo que a acompanhava desde criança, um anjo chamado “Esperança”. Era como um desejo que se ia realizando a seus pedidos. “Esperança”, guiava num sentido da justiça social, de querer o bem em seu redor. Talvez esta forma espiritual que fazia dela nunca desistir dos seus sonhos, a tenha levado a encontrar o caminho que sempre desejara.
Os dois filhos mais velhos de Andreia; Rafael com vinte e oito anos, e Tiago com vinte e três, viviam na Bélgica. Frequentaram ambos o Erasmo, e por lá ficaram constituindo família. Raramente vinham a Portugal, nem mesmo no Natal. Foi como um divórcio litigioso, um arrancar as raízes que os mantinham a Portugal. Andreia sofria com isso, sentia saudades dos seus filhos, e sempre que quisesse vê-los tinha que se deslocar à Bélgica, até porque já tinha um netinho, o Joãozinho um bonito menino de quatro anos, filho de Tiago. Joãozinho era muito parecido com a avó, nos olhos e na cor de pele. Andreia formara três gerações em pouco tempo, pois era ainda uma avó muito nova, cheia de energia.
A filhota, Joana, a muito custo aceitou deixar os amigos da infância, mas também ainda não tinha idade para decidir sobre a sua vida. Andreia aconchegava-a nas noites frias, junto à lareira, dando-lhe todo o carinho de mãe galinha. No fundo era o seu pintainho, queria protege-la dos males da sociedade feroz, que levava, muitas vezes, para caminhos sinuosos. Jorge assistia àquela imagem de amor de mãe com ternura. Olhava para elas com vontade de as abraçar, de sentir o calor de mãe e filha.
PÁGINAS 27/28
EM CURSO

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