Capitulo XVI
Neste inverno, esperarei que a terra se remova no seu interior,
como eu espero remover-me no meu interior, sendo assim, continuamente uma pessoa
melhor. Tenho fé, que poderei ser melhor do que sou, que encontrarei forças
para melhorar o meu íntimo.
Continuo nestas horas da madrugada, escrevendo-te, até que o
outono volte a chegar, assim, terminarei esta carta, tornando como concluído o
ciclo das estações. Até lá muita coisa pode acontecer, e por isso, pode haver
casos que falarei nas estações que sucedem a este inverno tão característico
aqui na serra.
Ontem, quando vinha da Vila, resolvi tirar uma fotografia que me
faltava. A imagem vista de sul, do meu Lugar, com o sol alaranjado incidindo
sobre o moinho de vento e as primeiras casas, por entre carvalhais despidos
de folhas. Era a foto emblemática que me faltava do Lugar onde vivo. Já tinha
fotografado o belíssimo forno comunitário, centenário, e também “a poça”,
tanques de água, também eles centenários, onde se pode beber água fresca da
nascente, dar de beber aos animais, regar campos, e até lavar roupas grossas e
finas. A “poça”, também é lugar de reuniões dos meus amigos vizinhos que por
vezes, ao sol do inverno se aquecem, e conversam, ou então noutras alturas do
ano, quando o tempo aquece, principalmente no verão, as conversas se prolongam
até à noite.
Podem falar o que quiserem, mas continuo dizendo que este espaço
do Parque Nacional da Peneda-Gerês, é inteiramente “mágico”, faz-me lembrar que
nada mais existe no mundo, a não ser, estes maciços granitos lá do alto dos
montes, os carvalhais, e vidoeiros, os cursos de água fresca e límpida que
deambulam pelos regatos e muros e bermas, e as gentes desta terra…, sim! Essas
são muito singulares.
In "A Carta" - Inverno
em curso
Quito Arantes
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