quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Porque és assim? Peter Quiet - Pseudónimo de Quito Arantes

"É muito fácil chamar bipolar a alguém que não compreendemos os seus pensamentos e formas de agir e de estar na sociedade. Mas alguém se preocupa em saber a razão do estado psíquico dessas pessoas, excluindo os técnicos de saúde metal? É muito fácil de rotular o nosso semelhante, alimentar o seu calvário. Tenho visto “loucos” muito mais polidos que muitos homens ditos normais. Vejo pouca gente sentar-se numa mesa do café dum dito demente. Fica mal a imagem, não é? Medos, tantos medos infundados.
Ninguém deixa de ser quer é por tentar compreender um infeliz ser que caiu no martírio do conflito da mente humana.
Vivemos injetados de clichés, estropiados do pensamento livre. Andamos acorrentados às boas maneiras, ao politicamente correto. Mas, por vezes, fica-nos bem darmos asas ao nosso pensamento de criança, à nossa inocência perdida nos caminhos da maturidade adulta. No fundo somos uns adultos malsucedidos nas nossas aspirações a um ser livre.
Às vezes, chega um sem-abrigo, malcheiroso, à nossa beira, e ficamos numa náusea de repulsa, sem darmos conta, que esse mesmo sem-abrigo, um dia, pode muito bem sermos nós, caídos na desgraça da sociedade. Muito mais do que matar a fome a sem-abrigo, e termos a coragem de conseguir reabilitá-lo na conversa de uma sopa quente. Eu até aceito, que digam, que sozinhos não mudamos o mundo, mas cada um na sua atitude apaixonada pela condição justa de vida, pode mudar muito, mas mesmo muito nas mentalidades circunscritas a cada momento vivido.
Todo o homem, quer queiramos quer não, é um ser existencial, existe, portanto, falar de problemas existenciais só nos faz bem à alma e ao coração, dá-nos saúde metal."
 
Livro de Quito Arantes com o pseudónimo Peter Quiet 

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