domingo, 15 de abril de 2018

Barcelos - Micro conto

Micro conto:
Era um amanhã serena, sem muito que dizer, mas muito para observar.
As águas do rio Cávado faziam espelhar a ponte românica, num dourado de outono. Felesmim queria encontrar um sentido para a  sua dor de alma. Sentou-se no areal, e recordou a adolescência. Meras recordações que já iam bem longe.
Então, num rasgo de memória, sentiu que nada tinha a perder, mas tudo a ganhar para o resto de vida. O sopro de vida passava por ele, como se eternizasse seus pensamentos. Deixou-se levar pela consciência límpida de remorsos, e levou o seu barco para a frente do destino.
Nunca pensou que seria capaz de lutar por seus próprios meios. Apesar de sua frágil saúde, não quis morrer sem deixar um legado, como se de um filho para a vida se tratasse. No seu rosto franzino, Felesmim trocou as voltas ao senso comum, e levou a sua humildade e simpatia aos povo que o admirava. Ficou no reino dos Deuses sem ordem mandatária para seu fim.
Felesmim, era somente, tu, cidadão, que lutas por dias melhores, que meia dúzia de astutos tentam te cobrar regras infundadas.
Descansa que Deus, saberá dizer-te o caminho, certo. Basta seres humilde com o teu semelhante e amares os desprotegidos.
 
Peter Quiet
15/04/2018
 

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