Capitulo XIX
A chuva vai caindo,
incessantemente, não é “abril águas mil”,
é o inverno ditando o seu conteúdo. Aqui na cidade, enquanto passo as festas de
natal, tenho pena que chova muito, pois sempre podia tentar trazer o meu pai ao
café; tarefa bastante difícil ou quase impossível. Mas também é bom que chova,
faz parte do ciclo da natureza neste país, adormecido aos enquanto da sua
natureza. Por vezes não há tempo nem dinheiro, para dar uma escapadela, bem!
Mas há tempo para ir ao futebol mesmo que chova, ou a um concerto do cantor em
moda. Mas isso são escolhas individuais que toda a gente tem a liberdade de
escolha. Quem viva em algum tédio e tendo posses para o mudar, bem podia olhar
mais em seu redor, olhar o verde, ver as pequenas coisas que passam
despercebidas aos olhos atarefados dos citadinos, e virando-se para a mãe
natura, poderiam muito bem descobrir novos valores de existências belas, e
modos de vida que nos faz pensar para melhor.
Quero que este tempo na cidade
passe depressa, mesmo que arranque uma saudade da minha família. Só não ando à
chuva porque certamente ficaria doente, gripado, mas por vezes, gosto de a
sentir escorrer pela face, mesmo que fria ou gélida da serra. Os campos serão regados
para que a primavera crie boas sementeiras, e eu ansioso de ver a explosão de
cores primaveris. Será sempre como uma primeira vez que assisto. Quero ir ao
abrunheiro em flor e retirar umas folhas para fazer a minha infusão de chá, que
me aconselharam para uma enfermidade que me vem rodeando no dia-a-dia. Vamos
ver se resulta…
Amiga! Não me recordo da última vez
que me visitaste, porque até foi há muito tempo, mas recordo-me dos teus
concelhos para as minhas plantas, vi a delicadeza com que lhes puseste as mãos.
Ver crescer dia-a-dia, as plantas e flores, é lindo, tento falar com elas, e
por vezes elas sabem dizer se estão com cede.
Certamente quando chegar a casa,
levarei com uma nevada, daquelas que deixa o meu carro preso à calçada
portuguesa, mas nada será dramático, é o clima que escolhi para viver e o qual
me sinto melhor.
In "A Carta"
excerto
a editar
Quito Arantes
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